A possibilidade de uma gestação após o tratamento do câncer de mama é uma questão que traz muitas dúvidas e esperanças para mulheres que enfrentaram essa doença. O avanço nas pesquisas médicas permite hoje responder a essas questões com mais segurança, e o estudo POSITIVE, conduzido por especialistas internacionais, tem sido uma referência nesse tema. Neste artigo, vamos explorar o que sabemos sobre a gravidez após o câncer de mama, se é seguro, as opções de preservação de fertilidade e estratégias para proteger a função ovariana.

O Estudo POSITIVE: O Que Ele Nos Ensina sobre Gravidez após Câncer de Mama?

O estudo POSITIVE (Pregnancy Outcome and Safety of Interrupting Therapy for Women with Endocrine Responsive Breast Cancer) é um estudo multicêntrico focado em mulheres jovens que desejam engravidar após o tratamento de câncer de mama com receptores hormonais positivos, especialmente aquelas que interrompem temporariamente a hormonioterapia para possibilitar a gravidez.

A hormonioterapia é uma parte essencial do tratamento para muitos tipos de câncer de mama, principalmente os que dependem de hormônios para crescer. Porém, esse tratamento é geralmente prolongado, com duração recomendada de 5 a 10 anos. O estudo POSITIVE investigou se uma pausa temporária na hormonioterapia, para permitir uma gravidez, poderia ser feita de forma segura.

Os primeiros resultados são promissores e indicam que, para as mulheres cuidadosamente selecionadas e acompanhadas por uma equipe médica, a gestação pode ser viável e segura, sem aumentar o risco de recidiva do câncer.

É Seguro Engravidar Após o Tratamento de Câncer de Mama?

O estudo POSITIVE trouxe evidências de que, em casos específicos, a gravidez pode ser segura após o tratamento do câncer de mama.

Os dados mostram que a pausa temporária na hormonioterapia não parece elevar o risco de recidiva do câncer nas mulheres que desejam engravidar, desde que sigam os protocolos de acompanhamento rigorosos.

Essa informação é crucial, pois antes desse estudo, o receio era que a gestação, ao causar mudanças hormonais, pudesse estimular uma recidiva da doença.

Entretanto, cada caso é único. A segurança de uma gestação após o câncer de mama depende de vários fatores, incluindo o tipo de câncer, o estágio da doença no diagnóstico, o tipo de tratamento recebido e o estado atual de saúde da paciente. Por isso, a decisão deve ser sempre feita em conjunto com a equipe médica, considerando o histórico e o desejo de cada mulher.

Opções para Preservação de Fertilidade: Como Se Preparar para uma Gravidez no Futuro

Durante o tratamento do câncer de mama, algumas intervenções podem afetar a fertilidade, especialmente se o tratamento incluir quimioterapia, que pode impactar a função ovariana. Pensando nisso, existem opções de preservação da fertilidade para as mulheres que desejam engravidar no futuro. Abaixo estão algumas das estratégias mais comuns:

  1. Congelamento de Óvulos: Antes de iniciar o tratamento, a paciente pode optar pelo congelamento de óvulos, que permite armazenar óvulos saudáveis para uma futura fertilização. Esse procedimento tem alta taxa de sucesso, especialmente quando realizado em mulheres mais jovens.
  2. Congelamento de Embriões: Similar ao congelamento de óvulos, mas já fertilizados com o esperma do parceiro ou doador, formando embriões. Essa opção permite que os embriões estejam prontos para implantação quando a mulher estiver preparada para a gravidez.
  3. Criopreservação de Tecido Ovariano: Essa técnica ainda é considerada experimental, mas consiste na remoção e congelamento de tecido ovariano antes do tratamento oncológico. O tecido pode ser reimplantado posteriormente para tentar restaurar a função ovariana.
  4. Supressão Ovariana: Durante a quimioterapia, alguns médicos podem recomendar o uso de medicamentos para suprimir temporariamente a função ovariana e, assim, reduzir o impacto dos medicamentos na fertilidade. Esta abordagem pode ajudar a proteger os ovários dos efeitos da quimioterapia e preservar a função ovariana.

Estratégias para Manter a Função Ovariana Durante o Tratamento

Além das técnicas de preservação de fertilidade mencionadas, há medidas que podem ser adotadas para minimizar o impacto do tratamento na função ovariana:

  • Uso de Agentes Protetores: Alguns medicamentos, como os agonistas de GnRH, podem ser administrados durante a quimioterapia para proteger os ovários.
  • Acompanhamento Especializado: O acompanhamento de um especialista em fertilidade desde o início do tratamento é essencial para adaptar estratégias que favoreçam a preservação ovariana.

Quando É Seguro Tentar Engravidar?

O tempo para que seja seguro tentar engravidar varia de acordo com a resposta individual ao tratamento e o tipo de câncer. Em geral, os médicos recomendam esperar pelo menos 2 a 3 anos após o término do tratamento, pois é nesse período que há maior risco de recidiva.

Para pacientes em hormonioterapia, o estudo POSITIVE avaliou a possibilidade de uma pausa no tratamento após um período de 18 a 30 meses de terapia endócrina inicial. Durante essa pausa, por cerca de 2 anos, as pacientes tentavam engravidar.

Considerações sobre a Gravidez após o Câncer de Mama

Para as mulheres que conseguem engravidar após o câncer de mama, é importante saber que estudos até agora, incluindo o POSITIVE, indicam que a gravidez não aumenta o risco de retorno do câncer e que as taxas de sucesso são boas. Porém, o acompanhamento médico permanece fundamental para garantir tanto a saúde da mãe quanto a do bebê.

Uma gravidez planejada, com o suporte de uma equipe multidisciplinar, oferece segurança e maiores chances de um resultado positivo para a mulher que enfrentou o câncer de mama.

Conclusão: Um Caminho Viável para a Maternidade após o Câncer de Mama

O estudo POSITIVE trouxe evidências importantes e um alívio para as mulheres que sonham com a maternidade após o câncer de mama. Com os avanços em técnicas de preservação de fertilidade e estratégias para manter a função ovariana, é cada vez mais possível planejar uma gravidez futura, mesmo após um diagnóstico de câncer.

Se você tem o desejo de engravidar, converse com seu oncologista e um especialista em fertilidade sobre as opções mais seguras para o seu caso. A maternidade após o câncer de mama é um caminho que exige planejamento, mas é possível e pode trazer uma nova fase de felicidade e esperança.