O diagnóstico de câncer de mama é sempre acompanhado de decisões importantes sobre o tratamento. Um dos aspectos mais debatidos é a possibilidade de realizar uma mastectomia contralateral redutora de risco (“profilática”), ou seja, a remoção da mama oposta que está saudável. Essa medida pode parecer, à primeira vista, uma forma eficaz de prevenir um possível novo câncer, mas a decisão deve ser feita com muita cautela e embasamento, já que não é uma medida necessária para todas as pacientes. Vamos entender melhor quando a mastectomia contralateral é recomendada, quais pacientes podem realmente se beneficiar e quais alternativas de prevenção existem.

O Que é a Mastectomia Contralateral Redutora de Risco?

A mastectomia contralateral é a remoção da mama saudável em pacientes que foram diagnosticadas com câncer em apenas uma das mamas. Essa intervenção é realizada com o intuito de dimunuir as chances do surgimento de um novo câncer na mama contralateral. Embora possa parecer uma maneira lógica de reduzir o risco, a mastectomia redutora de risco não reduz a chance de o câncer retornar no lado afetado, nem aumenta a sobrevida para a maioria das pacientes.

Quando a Mastectomia Contralateral é Indicada?

A mastectomia contralateral é recomendada apenas em situações específicas em que há um risco elevado de desenvolvimento de um novo câncer na mama oposta. As principais indicações são:

1. Mutação Genética de Alto Risco: Pacientes portadoras de mutações nos genes BRCA1, BRCA2, entre outros genes de alta suscetibilidade ao câncer de mama, apresentam um risco significativamente aumentado de desenvolver câncer na mama contralateral. Para essas mulheres, a mastectomia redutora de risco pode reduzir de forma substancial o risco de um novo câncer.
2. Histórico Familiar Extenso de Câncer de Mama: Mulheres com um histórico familiar forte de câncer de mama, mesmo sem mutação genética identificada, também podem considerar a mastectomia contralateral. Ainda assim, essa decisão deve ser tomada com base em uma avaliação médica personalizada.
3. Ansiedade Intensa e Desejo Informado da Paciente: Em alguns casos, mulheres que convivem com o medo constante de um novo diagnóstico na outra mama podem optar pela mastectomia contralateral para alcançar uma sensação de segurança. No entanto, é essencial que esse desejo seja fruto de uma decisão informada e baseada em orientações médicas, já que a intervenção cirúrgica não é isenta de riscos e impactos físicos e emocionais.

Mitos e Fatos sobre a Mastectomia Contralateral

A decisão de remover a mama contralateral não deve ser motivada por suposições ou mitos. Alguns fatos importantes para esclarecer:

• Não reduz o risco de recidiva no lado afetado: A mastectomia contralateral não diminui a chance de o câncer voltar no lado originalmente afetado.
• Não aumenta a taxa de sobrevivência: Para a maioria das mulheres, a mastectomia contralateral não prolonga a vida, exceto em casos de risco genético muito elevado.
• Exames de acompanhamento ainda são necessários: A mastectomia contralateral não elimina a necessidade de acompanhamento médico, já que o risco de recidiva local ou metastática no corpo permanece.

Alternativas à Mastectomia Contralateral

Para muitas mulheres, optar pelo acompanhamento rigoroso da mama saudável pode ser uma escolha mais apropriada. Com exames regulares, como mamografia e ressonância magnética (em casos de alto risco), é possível detectar eventuais alterações na mama contralateral de forma precoce, sem a necessidade de uma intervenção tão invasiva.

Conclusão

A mastectomia contralateral é uma medida válida para algumas mulheres, mas deve ser indicada com critério. Para a maioria das pacientes, exames de acompanhamento, autocuidado e vigilância podem oferecer segurança semelhante. Decidir pelo tratamento certo é um processo que envolve avaliação médica, acolhimento emocional e compreensão dos riscos e benefícios, e sempre deve ser orientado por profissionais especializados.